segunda-feira, 24 de abril de 2023

CRIse nos FIIs de papel: Coteminas, uma reestruturação bem-feita

Fundos envolvidos: VCJR11, DEVA11 e PORD11

CRI Corporativo da Coteminas, uma empresa do segmento têxtil, que assim como outras empresas do segmento vem sofrendo com a concorrência com produtos que vem da China. No momento em que escrevo (abril/2023) o governo Lula desistiu de taxar importações vindas da China, mas a empresa Shein parece estar interessada em fechar acordo com a Coteminas para produção local, o que fez com que as ações da companhia subissem mais de 100% após a divulgação da notícia.

A parceria descrita acima deve melhorar bastante o resultado da empresa e reduzir o risco do CRI, no entanto, antes disso começaram a surgir notícias sobre a crise na empresa, o que obrigou as gestoras a se posicionarem. A seguir compartilho o posicionamento da Gestora Polo (PORD11) e posteriormente a minha opinião:

domingo, 23 de abril de 2023

Como identificar fundos de papel High Yield e avaliar seu risco

 Antes de prosseguir com a leitura dessa postagem é imprescindível um bom conhecimento sobre garantias. Uma boa opção de estudo é minha postagem sobre o tema:

https://fiica-esperto.blogspot.com/2023/04/garantias-dos-cris-pulverizados-2.html

Diferenciar fundos High Yield, Middle Risk e High Grade em alguns casos causa polêmica, já em outros é unânime. Com o tempo adquirimos um “sensor” de risco, mas enquanto você não obtém essa habilidade deixo abaixo alguns tópicos que o investidor deve procurar nos fundos que deseja.


Fatores de risco:

- Classificação: Aqui as 2 opções são CRIs corporativos ou pulverizados, o mercado costuma associar o primeiro a CRIs High Grade, enquanto o segundo é associado a fundos High Yield. Essa associação é feita devido a um ter como devedor empresas e o outro a pessoas físicas, no entanto, nem sempre isso é verdade, um CRI pulverizado bem estruturado pode ser muito mais seguro do que um corporativo.

Nos corporativos as informações são escassas e quase sempre não conseguimos antecipar os defaults, já nos pulverizados é possível saber que a operação está dando problema através da análise da cobertura da cessão fiduciária (a quantidade de dinheiro que a carteira de recebíveis está gerando versus a parcela a ser paga).

Nos CRIs pulverizados o resultado da operação independe (em parte) situação da empresa devedora, já que o fluxo de recebíveis passa a cair diretamente na conta do CRI.

- Segmento: Há 3 segmentos que são muito associados a fundos High Yield, são eles: Multipropriedade, loteamentos e incorporação vertical de construtoras de pequeno ou médio porte. Detalho um pouco desses segmentos, começando pelo mais arriscado.

Diante dos eventos em 2023 com empresas de Multipropriedade ficou mais claro ainda que esse segmento é problemático, para compensar o risco precisaria de uma taxa muito alta, mas quanto mais alta a taxa, mais o devedor fica sufocado. Então não tem jeito, o melhor é diminuir a mão em fundos com esse segmento em carteira, algo que deve ser mais fácil daqui em diante, vide que o filme das Multipropriedades ficou queimado no mercado.

Garantias dos CRIs pulverizados 2

Antes de começar vou fazer uma breve diferenciação dos CRIs Corporativos dos CRIs Pulverizados.

CRIs corporativos são aqueles onde o devedor é uma empresa. Já no CRI Pulverizado o devedor também é uma empresa, mas nesse caso ela cede uma carteira com a dívida de centenas ou milhares de pessoas físicas, sendo assim o CRI recebe dinheiro diretamente das pessoas físicas e a empresa só é acionada caso essa carteira de recebíveis não seja suficiente para pagar as prestações.

Após a leitura desse material procure pelas postagens que pretendo fazer sobre CRIs que deram problema.

A seguir apresento as garantias / medidas de segurança mais comuns em CRIs Pulverizados:

1º) Cessão de recebíveis em conta separada: Nos CRIs pulverizados os recebíveis de um ou mais empreendimento são cedidos para o CRI, de forma que quando os devedores pessoa física paguem o dinheiro vá para uma conta separada em nome da securitizadora, ao invés de caírem na conta do empreendedor.

Essa garantia é fundamental para o funcionamento dos CRIs pulverizados, pois garante que o fluxo seja pago independente da saúde financeira da empresa devedora. Um exemplo prático dessa garantia pode ser observado quando um dos devedores do fundo RECR11 entrou em recuperação judicial, mas o fundo seguiu recebendo as parcelas do CRI.

Fonte: Relatório Gerencial RECR11

É importante mencionar aqui que no episódio da GPK x Hectare essa garantia foi revogada por 60 dias na justiça a pedido da Gramado Parks, demonstrando a insegurança jurídica existente no Brasil.

 

2º) Cota Sênior/Subordinada: Os detentores das cotas Sênior recebem o dinheiro primeiro do que os que possuem cotas Subordinadas, estes últimos começam a receber somente quando todos os da série Sênior tiverem recebido. Esse esquema é representado na figura abaixo (Créditos ao Canal FII Fácil):

Logo, se um fundo quer ser mais conservador basta adquirir mais cotas Sênior, que possuem menor risco de crédito (e menor rentabilidade).