domingo, 14 de agosto de 2022

Todo FII tem seus defeitos #116: HGRE11 2.0

1. Defeitos/riscos:

1.1. Queda nominal dos rendimentos, saindo de R$0,83/cota em abril/2009 para R$0,69/cota em agosto de 2021. Atualização 2ª versão: em junho de 2022 o rendimento se encontra em R$0,78/cota com a ajuda de receitas não recorrentes


1.2. Apesar da queda nominal dos rendimentos, há uma valorização expressiva do VP do fundo, tendo o IPO acontecido a R$100,00 e hoje o VP está acima de R$160,00;

1.3. Aproximadamente ¼ dos imóveis do fundo se encontram vagos e tal vacância tem sido persistente


1.4. Ausência de uma tabela dificulta a identificação de onde se encontra a vacância do fundo. Foi por acaso analisando o gráfico de ativos que consegui identificar onde a vacância está concentrada (Edifício Paulista Star). Tal imóvel se encontra completamente vago a mais de 2 anos (fui apenas até o RG de 2 anos atrás)


1.5. 2022 e 2023 com poucas revisionais, então não é de esperar reajustes acima da inflação nesses anos, mas pode ser algo positivo caso o mercado de lajes ainda esteja fraco nesses anos


1.6. Ausência de um gráfico básico: porcentagem por padrão construtivo dos imóveis. Sendo que muitos imóveis possuem classificação BB e alguns C;

1.7. Porcentagem ínfima de imóveis na Faria Lima (3,6% do PL) e a porcentagem em área abaixo da Faria Lima (Berrini e Chucri Zaidan) representa pouco mais de ¼ do fundo. Ou seja, grande parte do portfólio de imóveis se encontra em localizações não Prime;

1.8. Taxas de administração bem salgadas para o momento atual do fundo, no acumulado de 12 meses até junho/2022 as despesas operacionais representavam 17% das receitas;

1.9. Rendimento atual superior aos resultados (fundo consumindo caixa), sem os resultados não recorrentes o rendimento do fundo seria algo em torno de R$0,45/cota


1.10. Baixo prêmio frente aos títulos IPCA+, enquanto o Yield (com não recorrentes do fundo) é de 7,50% a.a., os títulos do tesouro têm sido negociados com prêmios acima de 6%;

1.11. Acho excelente que o fundo seja ativo e faça a venda de imóveis, mas acho negativo que fiquem parcelando para o comprador de forma que o fundo receba de forma semestral;

1.12. Mais de ¼ das receitas do fundo são provenientes do imóvel TOTVS, que se encontra em um bairro (Santana - Zona Norte Paulista) que não ouço falar na mídia.

Outro ponto de atenção é que o inquilino é do setor de tecnologia, um dos que mais tem migrado para Home Office. Além disso não há informações quanto a tipicidade do contrato.


2. Qualidades:

2.1. Gestão CSHG conta com grande confiança entre os investidores e desconheço qualquer erro grave da gestora;

2.2. Base de cotistas subindo mesmo com o momento horrível para o fundo/segmento, o que demonstra o poder midiático orgânico da gestora



2.3. R$/m² subindo, o que indica que o fundo tem conseguido repassar parte da inflação;

2.4. Grande concentração na cidade de São Paulo;

2.5. Acredito que a maioria dos contratos sejam típicos, o que reduz os esqueletos nos armários e é um indicador de que os valor praticados nos aluguéis estão em linha com o mercado;

2.6. Realização de retrofits nos imóveis;

2.7. Possibilidade de giro de carteira para dar um up nos rendimentos, assim como temos visto em HGLG11. Atualização 2ª versão: os giros aconteceram;

2.8. Bastante transparência quanto aos inquilinos problemáticos e as negociações realizadas, vide os casos LIQ e Sercom comentados no relatório gerencial de junho/2022

https://fnet.bmfbovespa.com.br/fnet/publico/exibirDocumento?id=324535&flnk

2.9. Baixo endividamento;

2.10. Quantidade relevante de carências e descontos que podem aumentar bastante as receitas quando acabarem


3. Compraria? Não, não gosto de lajes corporativas e acredito que o prêmio de risco pago pelo mercado não compensa pelas incógnitas do segmento.


4. Dicas:

4.1. Ao invés de indicar os valores a receber da venda do Verbo Divino, apresentar o lucro ou os dois. Para que os cotistas possam estimar o quanto ainda vão receber por essa venda;

Facilitar a estimativa de recebimento de lucro dos imóveis vendidos (RG apresenta apenas o valor da parcela);

4.2. Acrescentar uma tabela resumindo as informações dos ativos (imóvel, região, porcentagem do PL, vacância, etc.);

4.3. Acrescentar um gráfico com a classificação dos imóveis;

4.4. Não ficou clara a diferença entre Aluguel/m² corporativo e Aluguel/m² total;

4.5. Trazer mais informação quanto a tipicidade dos contratos.


5. Dados:

5.1. Data da análise: 27/07/2022

5.2. Cotação: R$ 124,12

5.3. VP: R$ 162,26

5.4. P/VP: 0,76x

5.4. Contexto: IPCA desacelerando, SELIC em 13,25% a.a. e subindo, mas perto do fim do ciclo de alta. Custo de construção com alta acentuada nos últimos 2 anos criou uma enorme expectativa nos fundos de tijolos. Transações de Lajes Corporativas por valores recordes na Faria Lima, mas um mercado bem morno nas demais praças.

 

Observações:
- O objetivo do post não é denegrir o fundo, mas expor alguns defeitos e abrir uma discussão saudável
- Não aprofundo para não alongar o post, caso queira uma explicação melhor basta comentar
- Não é recomendação de compra/venda

Nenhum comentário:

Postar um comentário