sábado, 30 de setembro de 2023

Resumo das estratégias de Trades em emissões

Pré-arbitragem:

Pessoa que já possui cotas do FII e vende (completamente ou parcialmente) antes da Data-Com Direitos de Subscrição.

Racional: Geralmente essa pessoa acredita que o fundo vai cair além do ajuste da emissão. Outro motivo é que com essa estratégia o investidor pode usufruir 100% dos rendimentos, algo que deve ser considerado principalmente quando a taxa de juros está baixa, devido aos recibos remunerarem a 100% do CDI bruto durante algum tempo.

Exemplo: Quem vendeu IRDM11 em 16/07/21 (+/- R$127,00) conseguiu recomprar hoje (19/07/21) as cotas vendidas com o desconto do ajuste da emissão + um desconto de 2 a 2,5% (+/-R$120,00).

Minha avaliação: Vantajoso caso não haja fase de sobras na emissão ou você não queira subscrever sobras e montante adicional. Ou caso você acredite que a cotação vá sofrer bastante, o que é muito comum quando a proporção de emissão é elevada. Excelente também caso haja oferta pública e você acredite que consiga recompor 100% da sua posição via oferta.

Importante lembrar que em 2021, quando vimos um mercado extremamente aquecido e emissões muito disputadas, as cotações subiam quando se anunciava uma emissão, pois comprar em emissão era a única forma de não comprar com ágio extremo certos fundos.

Exemplo Real (HGRU11):

Em meados de 2023 a gestão do HGRU11 anunciou que iria realizar uma emissão em breve, mas não divulgou datas, pois precisava resolver algumas pendências para que pudesse incorporar o fundo MINT11.

Dentre as informações divulgadas está o Preço de Emissão, que será R$126,96 (com custos), enquanto isso o fundo está sendo negociado na casa dos R$138, ou seja, 11 reais a mais do que o preço de emissão.

Fonte: Google

Como serão emitidas muitas cotas novas, será uma emissão de 1,2 bilhão de reais, muitos investidores estão vendendo suas cotas já prevendo que a cotação no secundário irá cair bastante quando a emissão realmente começar. Essa recompra pode ser feita antes da Data Com Direitos, caso a pessoa queira participar da emissão, ou depois da Data Com, quando a cotação deve sofrer duramente com o ajuste da emissão e pessoas arbitrando.


Arbitragem

O investidor dorme com cotas na “Data Com Direitos” e nos dias seguintes vende cotas na mesma quantidade de direitos que recebeu.

Racional: A pessoa não tem dinheiro para aportar ou não quer aumentar a posição no FII em questão.

Exemplo: Fulano tinha 100 IRDM11, dormiu na data com, teve direito a 22 cotas na fase de preferência. Como não tinha dinheiro para pagar tais direitos, vendeu 22 cotas no mercado secundário no dia seguinte a “Data Com”* por 120 reais e vai guardar esse dinheiro para pagar os 22 recibos, que custam R$101,41 cada um.

Minha avaliação: Operação mamão com açúcar, ideal para quem tira proveito de 100% da emissão (direitos de preferência, sobras e montante adicional)

*A venda não precisa ser feita necessariamente no dia seguinte a “Data Com”, em algumas emissões vendi na “Data Ex” apenas o suficiente para pagar os direitos e deixei para vender o suficiente para sobras e Montante Adicional em uma segunda data, quando a cotação já tinha dado uma respirada.


Participar via Sobras e Montante Adicional

Essa estratégia consiste em montar uma pequena posição no fundo antes da Data Com Direitos, subscrever todos os poucos Direitos de Preferência e então na fase Sobras e Montante Adicional se posicionar com mais força.

Racional: Você não está disposto a pagar o preço negociado no secundário para participar da emissão via Direitos de Preferência, mas acredita que pode obter a quantidade de cotas desejadas através das sobras e do montante adicional. Pode ser utilizada também por quem deseja participar da emissão, mas não quer participar do rateio das ofertas públicas.

Exemplo: Fundo de papel negociado a R$120, o VP é de R$100 e você não aceita pagar ágio em fundo de papel. Uma emissão a R$100 e fator de preferência de 20% é lançada. Você compra uma pequena posição de 20 cotas antes da Data Com direitos, subscreve as 4 cotas de direito de preferência e na fase sobras e montante adicional realiza a compra de mais 300 cotas.

Minha avaliação: Excelente estratégia para quando a janela de emissões está se abrindo, no entanto, pode não ser muito boa caso o mercado esteja extremamente aquecido, pois o percentual de sobras e o rateio do Montante Adicional pode ser muito baixo. Nessas situações o melhor é utilizar a velha e boa arbitragem.

Exemplo Real (HGRU11):

Como mencionado na estratégia Pré-Arbitragem, HGRU11 está com uma emissão engatilha a R$126,96 e a cotação no secundário se encontra em R$138. A 127 reais eu acho HGRU11 muito interessante, já a R$138 nem tanto. Como eu acredito que terá uma forte disputa por essa emissão, não vou esperar uma fase pública, caso tenha. Portanto, irei utilizar a estratégia descrita aqui.

Pretendo me posicionar inicialmente com 20 cotas, o que vai me proporcionar 10 cotas na fase de Direitos de Preferência. Na fase de Sobras irei subscrever tudo a que tenho direito também. Já na fase de Montante Adicional, a agressividade do rateio irá depender do spread (Preço secundário - Preço Emissão).

Exemplo Real (AFHI11):

Em 2023 participei de uma emissão do fundo de papel AFHI11 utilizando a estratégia de Sobras e Montante Adicional. Optei por essa estratégia porque não havia Oferta Pública e o spread da emissão não estava muito bom, a emissão foi a R$96,20 e a cotação de AFHI11 rondava os R$97 e pouco, então usei a “Participar via Sobras e Montante Adicional” para entrar “devagar” na emissão.

Comprei 20 cotas de AFHI11, que me proporcionaram 4 direitos de subscrição, posteriormente subscrevi todos esses direitos, o que me deu acesso as sobras. No entanto, como a cotação não subiu nos dias seguintes (inflação baixa impactou os rendimentos), optei por não dar prosseguimento e não subscrevi as sobras e montante adicional. Apesar da operação não ter funcionado como o esperado, não fiquei com uma grande quantidade de capital comprometida na empreitada.


Pós-arbitragem (Compra no secundário pressionado pela emissão)

Investidor que não possui cotas e quer aproveitar o ajuste da emissão e a queda na cota devido as pessoas fazendo arbitragem para pagar a emissão

Racional: Após o ajuste de preço da emissão e vendas de pessoas querendo arbitrar a cotação no mercado secundário se aproximou do Preço de Emissão, de forma que compensa mais entrar pelo book de ofertas.

Exemplo: Não possuo cotas de URPR11 e não quero pagar R$ 136,00, então vou aguardar que haja uma grande queda com a emissão e abra uma oportunidade para que eu possa entrar. Como os melhores pontos de entrada são muito curtos, o ideal é já deixar sua ordem de compra no book.

Minha avaliação: Melhor opção caso você acredite que a cota já caiu bastante no mercado secundário e não deseja ficar com as cotas “presas” durante a emissão.

Exemplo Real (BTLG11):

Não foi o caso, já que entrei pela emissão, mas vou retratar aqui um acompanhamento que fiz caso tivesse "participado" da emissão comprando o ativo no mercado secundário.

Entre os dias 16 e 18 de agosto de 2023 o BTLG11 atingiu cotações (menos de R$102,50) muito próximas do preço de emissão (R$101,00), de forma que os investidores poderiam ficar na dúvida entre entrar na emissão subscrevendo ou comprando no home broker.

Essa compra a mercado faz sentido porque o investidor ficaria livre para vender o ativo depois que a cotação voltasse a normalidade a qualquer momento, já quem subscreveu precisa esperar a data de liquidação ou operar vendido. Outro benefício de quem compra no secundário é que ele tem uma segunda chance de comprar barato, na data de integralização das cotas. Uma terceira vantagem é deixar o dinheiro livre para participar de outra emissão.

O lado negativo de arbitrar no secundário é que o investidor pode ficar tentado a vender no lucro com muita antecedência, perdendo parte da pernada de recuperação da cota. Portanto, deve ser utilizado com cuidado por traders ansiosos.

 

Redução de PM

Não comprar tudo que deseja, reservando uma quantidade de recursos para comprar na emissão. Utilizado geralmente por pessoas que não gostam de fazer trades

Racional: A pessoa considera que o preço está caro, mas acredita que poderá abaixar o seu preço médio com as emissões

Exemplo: Fulano reservou R$ 13.600,00 para comprar 100 cotas de URPR11, como ele acha R$136/cota meio salgado, ele compra 50 cotas a R$136,00 antes da data com e guarda o restante do dinheiro para pagar os 50 recibos que vai receber.

Minha avaliação: Só vale a pena caso as emissões vindouras sejam suficientes para diminuir o PM. Logo, o ideal é utilizar essa estratégia em FIIs pequenos e intermediários, pois a porcentagem de direito de preferência será maior. Essa estratégia é muito útil quando o mercado está aquecido e está difícil encontrar ativos sem ágio elevado.

 

Compra de Direito de Subscrição

Em algumas emissões públicas o Direito de Preferência pode ser negociado em bolsa, geralmente com o final 12 no ticker, sendo esta uma forma mais simples de se participar de uma emissão do que via flipagem.

Racional: A pessoa que compra direitos de subscrição geralmente acredita que irá ter um rateio muito alto na oferta pública, então seria melhor garantir suas cotas comprando direitos e os exercendo. Outra possibilidade é que o investidor não quer ter a dor de cabeça de ficar operando rateio.

Exemplo: O fundo FLIP11 está em emissão cujo preço é R$100, a cotação no secundário é de R$103 e os Direitos de Subscrição (FLIP12) são negociados em bolsa a R$1,00 (difícil estimar o preço dos direitos). Caso participasse da fase pública a pessoa poderia comprar a R$100, mas como ela acredita que será difícil operar rateio, ela compra metade da posição desejada comprando Direitos (Preço total 100 + 1) e tenta a segunda metade na fase pública.

Minha avaliação: Só compensa participar de uma emissão via compra de direitos caso você acredite que irá ter um rateio forte na fase pública. Já em emissões cujo rateio seja linear compensa ainda menos utilizar essa estratégia, pois as chances de uma pessoa física ser atendida são muito maiores. Comento mais sobre as formas de ratei na seção Flipagem.

Outra ocasião em que comprar direitos pode ser útil é quando a combinamos com a estratégia de participação via Sobras e Montante Adicional, substituindo a comprado ativo antes da Data Com pela compra de direitos.

 

Flipagem

Em uma emissão pública, a pessoa não participa das fases de direito de preferência, mas pede cotas na fase pública para vender no dia integralização

Racional: O trader acredita que no dia da integralização a cota no secundário estará bem superior ao valor pago por ele na emissão

Exemplo: Fundo ABCD11, cotado a R$125 de uma famosa corretora fará uma emissão pública por R$ 100,00. O investidor acredita que a cota no secundário pode sofrer um pouco com a emissão, mas provavelmente estará acima dos R$101 que ele irá pagar ao participar da emissão. Então ele pede 200 cotas, mas consegue apenas 100 cotas. No dia da integralização vende suas 100 cotas por R$115,00, embolsando um lucro bruto de 15% em poucos dias.

Minha avaliação: Opção para investidores mais avançados, pois nas boas oportunidades quase sempre há rateio, logo para conseguir a quantidade desejada de cotas será necessário operar rateio (pedir mais cotas do que deseja). A depender do momento de mercado será necessário pedir duas ou mais vezes a quantidade de cotas que você aguenta comprar. No entanto, participar por essa modalidade tem a vantagem da pessoa passar menos tempo com as cotas travadas (sem poder negociar) e recebendo rendimentos parciais.

Observação: em follow ons é comum que a cota caia na Data de Integralização, já em IPOs, principalmente em momentos de euforia, o mais usual é que a cotação suba.

Exemplo Real (ALZR11):

Em junho de 2023 participei da emissão do ALZR11, não gosto muito do fundo devido a estar mais calcado em contratos do que em localização, mas o importante para o “fliper” é o que o mercado acha e é inegável que há demanda pelo Alzirão e muita gente disposta a pagar ágio nesse fundo.

Para participar da emissão é muito fácil, como as ofertas públicas são altamente lucrativas para as corretoras, geralmente elas possuem sistemas automatizados para realizar as solicitações. O ponto de atenção tem que ser com a data que a sua corretora exige que o dinheiro da emissão esteja na conta, algumas exigem que o valor esteja na data limite da reserva, já a maioria exige que esteja no dia de liquidação. A maioria das corretoras pede que você separe apenas o valor que você foi atendido, no entanto, algumas podem requerer o montante equivalente ao solicitado durante a fase de reserva. Abaixo mostro a tela de solicitação da corretora Modal:

Fonte: Corretora ModalMais

Fiz a solicitação de cotas no dia 19/06/2023, nesta data a cotação do fundo fechou em R$112,47, o que dava uma boa margem sobre o preço de emissão (R$106,29). Como o spread (Preço secundário - Preço emissão) era alto, eu sabia que seria necessário operar rateio, de forma que pedi o dobro do que gostaria de cotas.

Fonte: Arquivo pessoal


No resultado da fase pública houve um rateio de 41%, acima do que eu esperava, o que demonstra uma alta procura pela emissão. Nos dias subsequentes a cotação subiu bastante, atingindo quase R$119.

 

Fonte: Google

Data de Integralização: Diferente do que se espera dessa data, o ativo subiu, não foi uma alta expressiva, mas ainda assim uma alta (R$112,59 para R$113,26).

Os motivos para esse comportamento podem ser o momento de recuperação do IFIX, a grande quantidade de investidores fidelizados e/ou um movimento de pré-flipagem muito forte, explico melhor sobre essa sub-estratégia a seguir.

A não muito tempo atrás liberou-se operar vendido em fundos imobiliários e agora em 2023 estamos na primeira rodada em que esse tipo de operação é colocada em prática em emissões de FIIs. Ela consiste em ficar vendido (posição negativa) no ativo antes da Data de Integralização e usar as novas cotas integralizadas para encerrar a posição vendida. Os investidores que antecipam a flipagem fazem isso por estarem satisfeitos com o lucro que vão ter ao vender o ativo naquela data ou porque sabem que na data de integralização as cotas tendem a sofrer uma queda expressiva.

No exemplo prático desse tópico quem pré flipou se deu muito bem, poderia ter vendido por mais de R$118 antes do rendimento e até R$117 depois do rendimento, enquanto que na Data de Integralização ficou rodando próximo dos R$113.

Importante ressaltar que operar vendido é simples de executar, mas pode dar alguma dor de cabeça, como monitoração de garantias, mais informações a serem prestadas na declaração de imposto de renda e custos elevados (Taxas B3 + Corretagem + Porcentagem do valor movimentado).

No momento em que escrevo ainda não realizei a venda das minhas cotas, mas devo vender em breve, pois participei da fase pública do XPML11 e preciso do dinheiro.

Exemplo Real (XPML11):

Participei dessa emissão pelos seguintes motivos:

- Gosto de fundos de Shopping

- Demais fundos de shoppings subiram bastante de preço, mas XPML11 foi segurado pelas 2 emissões consecutivas, então acredito que a cotação irá reagir assim que passar essa pressão de novas cotas

- O VP do fundo está desatualizado

27/07/2023: Decidi por participar da fase pública da emissão, como sobraram muitas cotas da fase de subscrição e a diferença de preço entre no secundário e preço de emissão não está muito distante, não irei operar rateio, já que acredito que irão sobrar cotas.

Comportamento pós fase de reservas (31/07/2023): alta substancial, motivada pela proximidade da queda da SELIC

Rateio: Fui 100% atendido, apesar de ter havido excesso de demanda pela oferta, devido ao rateio linear todos que pediram até 691 cotas foram atendidos. A seguir uma breve descrição das 3 principais formas de rateio:

- Proporcional: Se houver excesso de demanda, quem pediu mais, leva mais, beneficiando FOFs e operadores arrojados que operam rateio. É a forma de rateio mais utilizada pelos fundos;

- Linear: Irei explicar com um exemplo, é distribuída uma cota para todos que pediram, depois mais uma cota somente para os que pediram 2 cotas, em seguida uma terceira rodada para quem pediu 3 cotas ou mais, e assim sucessivamente, até acabarem as cotas. Essa forma de rateio é a que mais beneficia os pequenos investidores. Não opere rateio em emissão pública de rateio linear;

- Ordem de chegada: Quem pedir primeiro leva. Muito comum em emissões da Kinea.


Começo de agosto: Cota rondando os R$109,00. Quem quisesse pré flipar nesse momento receberia mais de R$7,00/cota de lucro.

Setembro: Mercado está super otimista com FIIs de shopping e o VP de XPML11 teve uma forte reavaliação. Com tudo isso a cotação chegou a superar os R$114, mesmo com muitas pessoas operando vendido o ativo.

Data de Integralização (20/09): Vendi minhas cotas a quase R$111, me proporcionando um lucro de quase R$9,00/cota. Acredito que o fundo irá se recuperar muito em breve, no entanto, precisava de dinheiro para participar da emissão de HGBS11 até 02/10/2023.

 

Pós-Integralização

Esperar que as cotas emitidas entrem em circulação para fazer as compras

Racional: É um dos momentos de maior volatilidade da cotação, com forte pressão vendedora por parte dos investidores que entraram na emissão sem intenção de manter posição

Exemplo: Fundo RICO11 está sendo negociado a R$ 120,00 e fez emissão a R$ 100,00. No dia da integralização das cotas várias pessoas que compraram via emissão por 100 reais estarão vendendo suas cotas, pressionando a cota pra baixo. Essa pressão pode durar dias, semanas ou meses, a depender da quantidade de cotas captadas e condições do mercado.

Minha avaliação: Acredito que as outras estratégias sejam melhores, mas pode ser muito útil para alguém que ficou sabendo atrasado da emissão ou estava com recursos ocupados em outras emissões. Essa estratégia costuma dar mais certo quando o mercado não está tão otimista ou quando o tamanho da emissão foi muito grande para o antigo patrimônio do fundo em emissão, por exemplo, uma emissão que fez dobrar o PL do FII. No entanto, pode dar muito errado quando o mercado está altista, como pode ser verificado no exemplo real de ALZR11 na estratégia Flipagem.

Exemplo Real (BTLG11):

Como disse em anteriormente, entrei na 12ª emissão de BTLG11 pela emissão, tentando utilizar a estratégia de Flipagem, no entanto, a cotação no secundário ficou mais machucada do que eu imaginava, não me permitindo fazer uma flipagem satisfatória, no momento em que escrevo BTLG11 está sendo cotado a R$101,50, ou seja, míseros R$0,50 de lucro por cota sobre o preço de emissão.

Conforme é possível ver em um gráfico não ajustado, BTLG11 chegou a ser cotado a R$107,70 no dia 28/07/2023 (antes da emissão) e de lá pra cá os juros futuros caíram e o IFIX subiu muito. Como não tiveram notícias ruins no fundo durante esse período podemos concluir que quem está pressionando a cotação do fundo é a emissão e assim que cessarem os efeitos desta, a cotação tende a se recuperar e ultrapassar com facilidade o pico mencionado. O problema é saber quando essa pressão vendedora causada pelas novas cotas irá cessar.

 

Fonte: ClubeFII

A partir de uma visão do futuro fica evidente que teria sido muito melhor esperar a integralização das cotas para entrar no fundo, mas não podemos contar com isso em todas as emissões, por isso prefiro utilizar as outras estratégias para garantir que vou conseguir comprar cotas com desconto.

Saber quando será mais benéfico entrar na integralização de cotas é difícil, mas essa emissão deu alguns sinais disso: após a fase de subscrição, quando não há investidores vendendo cotas para entrar via direitos de preferência ou fase pública, a cotação não se recuperou, o ativo ficou sendo negociado entre 104 e 105 reais; foram captados 850 milhões e o custo de emissão foi elevado, o que faz com que a compra seja feita já com um pequeno ágio.

Exemplo Real (HGLG11):

No dia 01/08/2023 ocorreu a integralização das cotas de HGLG11, alguns investidores esperavam poder comprar mais barato com a entrada de novas cotas, no entanto, essa pretensão foi frustrada, ao menos no primeiro dia. A cota que no dia anterior, que era Data Com, fechou em R$163,25 e no dia da integralização encerrou em R$162,96, ou seja, uma alta se considerarmos o ajuste dos rendimentos e em nenhum momento essa cotação sofreu uma baixa expressiva. Nesse momento é importante falar um pouco do contexto, no dia seguinte (02/08/23) acontece reunião do COPOM e há grande expectativa de uma redução da taxa SELIC após vários meses em 13,75%, o que vem proporcionando um grande otimismo no IFIX. Em um cenário não tão otimista seria bem provável que a cotação iria sentir consideravelmente, vide que o montante captado foi elevado (1,5 bilhão) e as cotas liberadas para negociação foram adquiridas na emissão por R$155,70.

Apesar da cotação não ter caído no dia da integralização, é bem possível que essas novas cotas segurem a cotação do fundo por alguns dias ou semanas. Para saber como se comportou a cota procure pela cotação de agosto/2023 em um gráfico não ajustado por rendimentos.

Atualização 08/08/2023: Cotas seguem pressionadas, em um dia de otimismo com COPOM chegou próximo dos R$164, mas revertido o entusiasmo inicial a cotação caiu para R$162,50. Além da "ressaca pós COPOM", uma grande quantidade de emissões e a entrada de muitas cotas certamente estão ajudando a segurar a cotação de HGLG11.

Atualização 26/08/2023: No final de agosto a cotação caiu ainda mais, chegando a ficar abaixo dos R$160 por alguns instantes e encontrando suporte nos R$161,00.

Atualização 22/09/2023: Cotação teve uma leve alta devido ao re-balanceamento de índices estrangeiros, mas a cota voltou a cair para R$161.

Conclusão: a estratégia de pós-integralização pode ser muito útil para os atrasados, mas o investidor corre um grande risco de estar se posicionando em um ativo com forte resistência a alta.

 

2 comentários: