quinta-feira, 16 de junho de 2022

Todo FII tem seus defeitos #7: IRDM11 3.0

1. Defeitos/riscos:

1.1. Fundo de papel com ágio extremamente alto (risco de mercado), já caiu bastante, mas ainda tem espaço para mais quedas. Atualização 3ª versão: dito e feito;

1.2. Fundo bilionário, logo reduzir PM fica difícil, devido a fator de preferência baixo em emissões;

1.3. Parte relevante das receitas vem de ganho de capital (renda não recorrente), o que pressiona os gestores a terem que “matar um leão” todos os meses;

1.4. Aproximadamente 10% do PL do fundo está em FIIs enrolados (DEVA11 e família Hectare), que o mercado tem punido fortemente


1.5. Rendimentos não deixaram a desejar, mas também não foram espetaculares, já que muitos fundos High Grade pagaram do mesmo tanto ou até mais do que IRDM11, mesmo fazendo uma comparação Rendimento/VP. Algo que poderia explicar isso seria bastante correção monetária acruada, o que não é o caso, já que os gestores fazem o giro de CRIs para destravar a inflação. No RG de abril/2022 consta R$42MM em CM acruada, ou seja, aproximadamente R$1,27/cota, nada demais


1.6. Migração de cotistas para IRIM11 (irmão mais novo de IRDM11), pois este deve proporcionar maiores ganhos via arbitragem. Pode ser que também esteja ocorrendo uma migração de especuladores para FI Agros, que estão muito voláteis e atingindo P/VP elevadíssimos;

1.7. Possui alguns investimentos que deram errado no portfólio e não podem vender, sob pena de redução dos rendimentos. Tais investimentos têm sido diluídos pelas múltiplas emissões;

1.8. Comprou cotas do FII Serra Verde (SRVD11) de TORD11 para destravar valor nesse segundo. Como IRDM11 investe nesse fundo da Hectare, ele também será beneficiado, mas precisamos dar nomes aos bois, tal operação foi um rolo;

1.9. Perdeu espaço na mídia depois que o ágio diminuiu;

1.10. Quase 1/3 do fundo é composto por FIIs, ou seja, com o mercado em baixa o ganho de capital cai expressivamente e sobra a dupla taxação. Atualização 3ª versão: mercado tem punido fortemente FOFs, que têm sido negociados em torno de 0,80x P/VP. Diante deste cenário o gestor deve ter percebido que não era uma boa ter tantos FIIs em carteira, de forma que hoje eles representam ¼ do PL, além dos FIIs de Renda Fixa


1.11. Possibilidade de se operar vendido torna o ativo ainda mais volátil. Algo que não chega a ser ruim para pessoas que fazem trades em FIIs como eu, mas muito investidores de FIIs não gostam de volatilidade;

1.12. Administrador BTG, o que obriga o fundo a ter que ficar fazendo giro de CRIs para poder distribuir a Correção Monetária;

1.13. Caixa acima de 5% sendo que a última a emissão foi a vários meses. Não chega a ser uma porcentagem elevada, mas não vejo motivos para não manter uma porcentagem próxima de 100%. A não ser que o gestor esteja fazendo reserva de oportunidade;

1.14. Última emissão teve custo de quase 3% para uma emissão 476.


2. Qualidades:

2.1. Indiscutível habilidade dos gestores em gerar ganho de capital;

2.2. Fundo pioneiro, ancorou vários fundos que hoje são bem conhecidos, o que traz boa visibilidade ao fundo;

2.3. RG fornece informações completas sobre os trades realizados e o PM do fundo nos FIIs investidos;

2.4. Mostrou-se muito eficaz nos trades de CRIs também;

2.5. Fundo queridinho dos cotistas e já recebeu muita atenção da mídia, então em momentos de otimismo pode subir expressivamente, o que é bem interessante para pessoas interessadas em Trades;

2.6. Gestão pró-cotista;

2.7. Não possui Taxa de Performance;

2.8. Carteira de CRIs bem diversificada, com pouca concentração (a maior posição representa apenas 2,42% do patrimônio);

2.9. Taxa Média pouco inferior a de FIIs High Yield, mas taxa de ADM baixa (1% a.a.);

2.10. Porcentagem bem pequena em CRIs Multipropriedade e não entrou em rolos como o CRI Hope, mesmo com a grande proximidade com os sócios da Hectare;

2.11. Sobre a presença de IRDM11 em um índice internacional: não vejo impactos nem negativos, nem positivos;

2.12. Não apresenta na carteira de CRIs empréstimos de pai para filho;

2.13. Não ficam segurando o dinheiro do cotista, o que gerou de caixa eles distribuem. Diferente de muitos gestores que juntam para soltar próximo a emissões


2.14. Tem conseguido obter ganho de capital com a negociação de FIIs mesmo se desfazendo de fundos da Hectare no prejuízo


2.15. No começo de 2022 disse que não faria emissões no primeiro semestre e realmente cumpriu o que disse.


3. Compraria? Não, o gestor pode ser muito bom, mas isso não é o suficiente para me fazer comprar fundo de papel com muito ágio. Atualização 3ª versão: o ágio caiu um pouco, de forma que durante algumas quedas o preço ficou dentro do aceitável. E como o mercado adora pagar ágio em IRDM11, talvez seja interessante para trades.


4. Dicas:

4.1. Acredito que em vez de terem criado um IRDM11 2 (IRIM11) deveriam ter tentado algo diferente, como um FII High Yield. Para a gestora pode até ter sido bom comercialmente, mas para o mercado em si não agregou muita coisa;

4.2. Seguir pressionando a Hectare e R Cap a pararem de fazer emissão de forma desenfreada e focarem na carteira de CRIs.


5. Dados:

5.1. Data da análise: 16/06/2022

5.2. Cotação: R$102,37

5.3. VP: R$96,43

5.4. P/VP: 1,06x

5.4. Contexto: “Bullying” com fundos da Hectare, SELIC 2 dígitos e IPCA acima de 1% fazendo com que até fundos de papel High Grade distribuam acima de 1% a.m.



Observações:
- O objetivo do post não é denegrir o fundo, mas expor alguns defeitos e abrir uma discussão saudável
- Não aprofundo para não alongar o post, caso queira uma explicação melhor basta comentar
- Não é recomendação de compra/venda, é apenas a opinião de uma sardinha pessimista

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