terça-feira, 29 de março de 2022

Todo FII tem seus defeitos #92: FLCR11 2.0

1. Defeitos/riscos:

1.1. Benchmark de IPCA + 2% no 1S21, gestora nova copiando as “jogadas” das gestoras velhas, nesse caso a meta baixa para ser sempre batida e a taxa de performance funcionar como uma segunda taxa de gestão. Atualização 2ª versão: no 2S21 o benchmark foi de IPCA + 5%;

1.2. Default em um CRI que representava cerca de 10% do PL e relatórios gerenciais não davam nenhuma pista de que isso poderia vir a acontecer, sendo que a situação difícil da construtora Calçada já era conhecida entre os Cariocas;

1.3. Pouca diversificação de CRIs, com vários representando 10% do PL cada um;

1.4. Ficou com dinheiro em caixa por vários meses em 2021


1.5. Compras de outros FIIs de CRI somado ao item anterior podem indicar dificuldade de alocação nos ativos alvo (CRIs);

1.6. Mistura de CRIs Middle Risk (IPCA + 6,50%) e High Yield (IPCA + 12%), prefiro que o fundo foque em algo e eu calibre a quantidade de risco da minha carteira;

1.7. Quase 1/3 do FII é de CRIs do segmento hoteleiro, sendo que além do CRI Calçada/Vogue, o fundo tem outro que está localizado no Rio de Janeiro e que também representa 10% do PL (CRI B&B Copacabana), a principal diferença é que esse CRI possui uma remuneração pífia de apenas IPCA + 7,50%


2. Qualidades:

2.1. Teve a hombridade de soltar Fato Relevante para informar sobre o pedido de Recuperação Judicial da empresa Calçada poucos dias antes da fase de sobras de sua emissão;

2.2. Estrutura de garantias do CRI Vogue são bem robustas, já que o devedor entrou em recuperação judicial mas segue pagando as prestações do CRI;

2.3. Boa taxa média: IPCA + 9,50%;

2.4. Todos os CRIs contam com garantias reais;

2.5. Ouvi muitos elogios aos gestores desse fundo;

2.6. Fundo pequeno, o que possibilita aumentar bastante a diversificação com apenas uma emissão bem-sucedida;

2.7. LTV baixo.


3. Compraria? Sim, desde que aumentem a diversificação de CRIs, acontecer Default é normal em fundos High Yield, o que não pode acontecer é dele ser representativo demais na carteira.

 

4. Dicas:

4.1. Vender as cotas de FIIs o quanto antes;

4.2. Focar em CRIs High Yield;

4.3. Melhorar a distribuição por CRIs (10% em um único CRI High Yield é uma insanidade).


5. Dados:

5.1. Data da análise: 01/03/2022

5.2. Cotação: R$ 99,52

5.3. VP: R$ 100,73

5.4. P/VP: 0,99x

5.4. Contexto: Inflação elevada fez com que fundos High Yield apresentassem rendimentos muito elevados, SELIC atingiu 2 dígitos, IPCA tem dado sinais de arrefecimento, questão da CVM com o MXRF11 ainda não teve um desfecho, assim como o caso de Default do CRI Calçada.


Observações:
- O objetivo do post não é denegrir o fundo, mas expor alguns defeitos e abrir uma discussão saudável
- Não aprofundo para não alongar o post, caso queira uma explicação melhor basta comentar
- Não é recomendação de compra/venda, é apenas a opinião de uma sardinha pessimista

Um comentário:

  1. Mais uma vez obrigado Thiago! É um fundo um pouco mais arriscado, mas considero promissor. Vamos acompanhando

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