terça-feira, 29 de março de 2022

Todo FII tem seus defeitos #91: HLOG11 2.0

1. Defeitos/riscos:

1.1. Desocupação das lojas CEM pouco tempo após a aquisição do imóvel (ainda no período de RMG), o que me leva a pensar que a empresa já possuía intenções de desocupar o imóvel e utilizou o fundo como desova. E é bom lembrar que os valores de RMG estão sempre inclusos no preço de compra do imóvel;

1.2. Fundo se alavancando em 37% do PL sendo que todos os contratos são típicos e 50% da receita vem de RMG no momento;

1.3. Rápido ciclo imobiliário dos galpões logísticos, algo que o gestor deixa bem claro na carta aos cotistas no relatório gerencial e também pela celeridade na construção do galpão em Viracopos, que será concluído em apenas um ano;

1.4. Rendimento estagnado em R$0,63 – 0,65 a muito tempo mesmo com a inflação galopante. Vamos ver se conseguem subir essa distribuição com o término das obras em Viracopos;

1.5. Concentração excessiva no imóvel Viracopos, atualmente representando cerca de metade da renda do fundo. Se for considerar a segunda maior posição chegamos a uma concentração superior a 80% com esses dois imóveis;

1.6. Condomínio logístico em Salto/SP com grande vacância, quase metade do imóvel se encontra vago, o que me leva a duvidar se a localização seja realmente boa. Atualização 2ª versão: se encontra com vacância física de 16%, mas alguns módulos estão alugados de forma provisória;

1.7. Risco do fundo não conseguir locar os espaços vagos por valores superiores a RMG, o que implicaria numa redução dos rendimentos, mas acredito que isso não vá acontecer, já que a remuneração do RMG é de 7,9% a.a.;

1.8. Movimentação esquisita do VP, subindo bruscamente e depois descendo.


2. Qualidades:

2.1. Excelente análise do mercado de galpões logísticos no início do relatório gerencial;

2.2. Taxa de administração inferior a praticada no mercado;

2.3. Contratos típicos, maior liberdade para aumentar o aluguel acima da inflação, caso consiga;

2.4. Desenvolvimento de galpão, o que, em tese, proporciona Cap Rates maiores;

2.5. Relatório Gerencial conta com um mapa para cada galpão, indicando a região em que os mesmos se encontram;

2.6. Condomínio logístico, que são mais fáceis de serem alugados, já que não foram desenvolvidos para atender as necessidades de uma empresa em específico;

2.7. Imóveis localizados em SP e MG;

2.8. Possibilidade dos espaços locados em Viracopos serem bem maiores do que a RMG e os rendimentos subirem bem.


3. Compraria? Não, acredito que haja opções melhores no segmento logístico. Além de que esse episódio das lojas CEM foi muito esquisito.


4. Dicas:

4.1. Acrescentar uma tabela compilando os dados dos imóveis;

4.2. Dar um jeito de aumentar a distribuição de rendimentos, os cotistas de HLOG11 estão expostos a alavancagem e desenvolvimento especulativo, pelo risco é de se esperar que tenham uma rentabilidade bem maior.


5. Dados:

5.1. Data da análise: 01/03/2022

5.2. Cotação: R$ 91,90

5.3. VP: R$ 112,77

5.4. P/VP: 0,81x

5.4. Contexto: Expectativa de que a inflação elevada seja repassada nos aluguéis, fundos logísticos queridinhos do mercado e SELIC com 2 dígitos.


Observações:
- O objetivo do post não é denegrir o fundo, mas expor alguns defeitos e abrir uma discussão saudável
- Não aprofundo para não alongar o post, caso queira uma explicação melhor basta comentar
- Não é recomendação de compra/venda, é apenas a opinião de uma sardinha pessimista

Um comentário:

  1. "3. Compraria? Não, acredito que haja opções melhores no segmento logístico. Além de que esse episódio das lojas CEM foi muito esquisito."

    Acho que aqui caberia dar exemplos de fundos pares que são melhores opções. Nem precisaria citar nominalmente quais, mas dar uma ideia melhor dos motivos.

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