1. Características básicas que você deve identificar
1.1. Tipo:
1.1.1. Corporativo: Verifique o
segmento financiado e o tamanho das empresas
1.1.2. Pulverizado: Verifique a
porcentagem por subordinação (Sênior / Mezanino / Subordinada); a porcentagem
de projetos performados ou em desenvolvimento; a porcentagem em loteamento ou
Multipropriedade.
1.2. Indexador:
1.2.1. Inflação: rendimento
imprevisível (da para se estimar o mínimo), mas ao menos vc tem uma
rentabilidade acima da inflação
1.2.2. CDI: rendimentos bem mais
constantes e previsíveis, no entanto, você corre o risco de obter uma
rentabilidade líquida negativa
1.2.3. Mix: Mistura Inflação e
CDI
1.3. Risco/remuneração:
1.3.1. High Grade: CRIs
corporativos de empresas grandes e famosas, principal garantia é o baixo risco
de crédito da empresa
1.3.2. Middle Risk: CRIs
corporativos de empresas médias, geralmente pouco conhecidas. Por não ter um
risco de crédito tão bom, ter garantias reais é imprescindível.
1.3.3. High Yield: CRIs
pulverizados ou CRIs corporativos de empresas pequenas. Risco de crédito bem
inferior aos 2 acima, mas apresentam o maior pacote de garantias
2. Verificar se as taxas de administração são condizentes. Para FIIs CRI pulverizado acredito que até uns 1,20% a.a. esteja bom, para FIIs middle risk até 1,00% a.a. e para FIIs High Grade entre 0,6% a.a. e 0,80% a.a., se os prêmios dos CRIs forem muito baixos não dá para ter uma taxa de ADM elevada.
3. Taxa de performance:
pessoalmente eu acho que não faz o menor sentido taxa de performance por renda
recorrente, mas sou voto vencido. O ideal seria verificar se a taxa de
performance faz sentido, mas caso faça isso irá excluir ótimos FIIs de papel.
Nesse ponto vale mencionar o RECR11, que não cobra taxa de performance, o que
lhe permite ter rendimentos de High Yield sendo Middle Risk.
Uma forma de verificar se as
taxas são muito abusivas é fazer a relação despesas/receitas, o ideal é até 15%,
mas tem FIIs por aí com relações de 20% ou até 30%.
4. O que ver no Relatório
Gerencial:
4.1. High Grade: Risco de calote
é quase zero, então apenas veja os CRIs e prêmios
4.2. Middle Risk: Antes de
investir leia a descrição dos CRIs mais relevantes e se os prêmios fazem
sentido. Não exige tanto acompanhamento, apenas após emissões para verificar
como ficou a carteira
4.3. High Yield: Exige
acompanhamento mensal, daí é muito útil que haja uma tabela contendo as
principais informações, sendo a Razão PMT a mais importante
5. Garantias: exija garantia real
(alienação fiduciária) e fuja de garantia com debêntures, já vi muitos indo pro
saco e deixando investidores chupando o dedo, felizmente é raro ter CRIs com
essa garantia. Tenho um post exclusivo para falar das garantias de CRIs
pulverizados.
6. Verificar se possui “empréstimos
de pai pra filho”: CRIs com taxas ridículas (CDI + 1,50% ou 110% CDI, por
exemplo). A depender da quantidade é critério eliminatório, pois após a taxa da
gestora sobra nada para o cotista. Considero um completo desalinhamento e
desrespeito com os investidores do fundo. Além de ser grande o risco da gestora
ter feito isso para encher linguiça e completar a alocação logo. Os melhores
exemplos são SADI11 e BICR11
7. FIIs de papel comprando outros
FIIs de papel: além de diminuir a rentabilidade do cotista, na maioria das
vezes é desespero para alocar rápido (VRTA11 e HABT11) após pressão dos
cotistas. A combinação desse item com o item acima também é muito grave, e é
bem comum, já que KNCR11 é um FII muito líquido.
Há alguns fundos que sabem fazer
bom uso da compra de FIIs de papel para trade, como IRDM11, HSAF11 e BCRI11. No
entanto, caso os trades cessem ou fiquem escassos, o ideal seria voltar para o
investimento direto em CRIs.
8. Histórico de Default: Se
possível verifique se já houve casos de calotes, isso pode ser um pouco
difícil, a seguir alguns que tenho conhecimento: MXRF11 teve vários ao
incorporar o XPGA11, VRTA11 teve alguns e FEXC11 tinha CRI da PDG que viraram
pó.
9. Yields mínimos para
rendimentos regulares (abaixo desse valor considero melhor esperar um ponto de
entrada):
12.1. High Grade: Só compensam
caso compre abaixo do VP
12.2. Middle Risk: >0,80% a.m.
12.3. High Yield: 1,10 a 1,30%
a.m.
12.4. Desenvolvimento: >20%
a.a.
10. Minha opinião sobre FIIs de
papel HG: na minha carteira não entram. FIIs de papel já não tem crescimento de
valor patrimonial, daí não te entrega renda também, aí ferrou né.
11. Originação própria ou
aquisição de CRIs no secundário?
Fundos que originam seus próprios
CRIs possuem um maior conhecimento das operações e melhor comunicação com os
devedores. Geralmente conseguem taxas melhores, já que a quantidade de
intermediários é menor, mas costumam ter uma alocação mais lenta do que os FIIs
que compram no mercado.
Um ótimo exemplo é o MCCI11 da
Mauá, que graças a diminuição de intermediários que a originação própria
proporciona, permite entregar um rendimento de Middle Risk sendo High Grade.
12. FII de papel se compra
próximo ao VP. Por um tempo em 2020/2021 fazia sentido comprar bem acima do VP
devido aos rendimentos extremamente altos e múltiplas emissões a vista, mas em
situações normais é furada
13. LTV (Loan to Value): Relação
do Saldo Devedor pelas Garantias dos CRIs
13.1. Um LTV de 50% indica que a
dívida representa metade dos imóveis dados em garantia;
13.2. Quanto menor, melhor.
Quanto mais HG o CRI, maior tende a ser o LTV, pois como é menos arriscado,
demanda menos garantias;
13.3. Para CRIs HG da pra aceitar
LTVs de 80% ou até sem garantia real, para Middle Risk o LTV geralmente fica
entre 60 e 80%, já em CRI High Yield o LTV deve ficar de preferência abaixo de
50%;
13.4. Esteja ciente de que garantias
podem ser superestimadas ou perderem valor ao longo dos anos.
14. Modo de distribuição da
Correção Monetária (CM)
14.1. Lucro Contábil: Gestor não
espera o pagamento pelos devedores do CRI para realizar a distribuição dos
rendimentos, desde que haja caixa para tal. Em termos mais técnicos poderíamos
dizer que a distribuição é feita a partir do fato gerador (reajuste do Saldo
Devedor).
O lado positivo desse modelo é
que não precisa esperar o recebimento efetivo dos recursos, o que permite ter
rendimentos bem expressivos e uma melhor previsibilidade de quando vai vir
rendimentos gordos.
O grande ponto negativo dessa
modalidade é que caso haja algum evento bem adverso (Default e consequentemente
não recebimento caixa dessa CM), os rendimentos serão impactados, já que o
fundo distribuiu algo que efetivamente não recebeu. Até o momento não vivenciei
situação parecida, então não consigo dar muitos detalhes das consequências.
14.2. Lucro Caixa: Considera
somente o valor efetivamente recebido para realizar a distribuição de
rendimentos. Como há CRIs que possuem carência de amortização de Principal + CM
ou que a periodicidade não é mensal, ocorre a acumulação de CM, que é a famosa
Acruagem de CM.
Uma prática muito comum para
reconhecer o lucro e poder distribuir a CM acumulada é vender e recomprar o CRI
para outro FII, muitas vezes da própria gestora. Por exemplo, o fundo XPTO11
comprou o CRI A por R$10MM, após alguns meses de CM acruada o saldo devedor do
fundo foi para R$11MM, então vende o CRI para outro fundo e realizar o lucro de
R$1MM e em seguida recompra o CRI por R$11MM.
O principal ponto positivo dessa
modalidade é que ela é mais certinha, apesar de que com os rolos de giro de CRI
não deve estar tendo muita diferença para os fundos que utilizam o Lucro
Contábil.
Os pontos negativos são a espera
para receber a CM; ocultação de uma operação que pode não estar indo tão bem,
pois pagar somente os juros é fácil; aumento do VP do fundo, o que acarreta em
mais taxas de administração; risco de esperar meses pela CM e ter ela diluída
em emissões; falta de previsibilidade de quando vai receber a CM; pouca
transparência sobre o montante acumulado.
14.3. Qual dos 2 é o melhor? Eu
prefiro o primeiro, não somente pelas distribuições mais gordas, mas
principalmente porque gestores costumam acumular CM e fazer giro de carteira
pouco antes de emissões para distribuírem montantes relevantes e chamar
atenção. Além do risco de ter CM acruada diluída.
14.4. Como saber qual a
modalidade do meu fundo?
Nem todos as gestoras deixam claro qual o modo de distribuição no Relatório Gerencial, nesses casos procure por essa informação no fórum do ClubeFII ou pergunte diretamente ao RI. Já lhes adianto que todos os fundos administrados pelo BTG seguem o regime Caixa.
Aprendendo muito com seus posts aqui. Tem muita informação na internet, mas pouca coisa de qualidade quando se trata de analisar um FII em específico. Quanto aos de tijolos, sinto que tenho mais facilidade em tomar decisões e inclusive já tenho alguns na mira. De papel já se torna mais difícil e estou com dores de cabeça para analisar, excluir alguns e compreender os movimentos recentes de queda de HYs como URPR, IRDM, DEVA, KNHY (pouco, mas teve), HCTR, etc. Estou estudando aportar em uns 03 de papel talvez na carteira; atualmente só estou em CPTS, e busco HY ou MR, pensando em buy and hold, a partir dos setores e potencial de distribuição recorrente. Pensei em RECR, embora os defaults recentes me deixaram com um pé atrás, também SNCI, mas está acima do VP hoje e muitas emissões, KNHY mas 1,60 de taxa me quebra. Outros HY tem as famigeradas taxas de performance (URPR) ou leio muitas coisas negativas (IRDM, HCTR, HABT), principalmente no ClubeFii, e fico receoso. Também vejo algumas indicações de que deveria dividir entre CDI e IPCA na carteira também. Enfim, escrita a bíblia acima, sem nenhum compromisso de recomendação, mas apenas tira dúvidas pela experiência, se não for incômodo: a) Concorda ser importante alocar parte em FII indexado em IPCA e parte em CDI? b) hoje em dia, reitera que HY precisaria acompanhar mês a mês? c) alguma sugestão para estudos de FIIs de papel [ou de tijolo msm, mas de papel que sofro mais] com tantos descontados? d) o que pensa de carteira sem FIIs de papel (talvez um infra e um agro) com tanto rolo, e a parte de renda ficar em LCIs, LCAs, CDBs ou aproveitar esse tesouro IPCA nas alturas?
ResponderExcluira) Para um iniciante é melhor ter uma divisão entre IPCA e CDI, quando ganhar mais experiência vc pode começar a operar concentrado em ou outro índice, tentando prever ciclos em que o IPCA vai fazer o rendimentos de fundos de papel ficarem altos ou saber a hora de sair dos fundos CDI
Excluirb) Com certeza, foi o acompanhamento mensal que me permitiu sair de VSLH11 quando percebi que estavam distribuindo mais dinheiro do que estava entrando no caixa
c) Atualmente tenho privilegiado os fundos de papel IPCA bem descontados, de preferência os HG e MR, como HSAF11, VCJR11 e RBRR11, mas a lista é grande. Apenas uma minoria bem pequena eu não compraria por estar caro ou pouco descontado
d) Estou 100% FII de papel, o principal motivo é que em uma eventual tributação os fundos de papel sofrem menos, já que em um prazo de 3 a 5 anos praticamente toda a carteira é girada, possibilitando ao gestor comprar CRIs com remuneração adequada a situação
Entendi! E pensa que vale equilibrar a carteira quanto aos indexadores se utilizando de FI-AGRO? Ou a análise deve ser separada em relação aos FII de papel? Tenho receio de entrar nos agros agora que o VP está em 1 ou até acima em praticamente todos, e logo adiante levar tufo com queda da SELIC, ao invés de aproveitar para encher o bolso de FII de papel.
ExcluirE sobre sua resposta "b", acredita que os problemas com RECR, URPR, HCTR e DEVA são tão grandes a ponto de ser melhor manter distância atualmente?
Perdão pelo excesso de perguntas, mas é um dos poucos lugares que parece que consigo tirar dúvidas com segurança quanto às resposta. Se tem indicação de fóruns sérios e confiáveis, também agradeço.
Tenho um pouco de receio com FI-Agros, por ter ficado mal acostumado com as garantias reais dos FIIs, mas é possível colocar uma certa porcentagem sim.
ExcluirRECR11 não me preocupa tanto os defaults, mas também não estou achando uma pechincha. HCTR11 e DEVA11 tenho evitado, acredito que eles vão ser os últimos a subir. Daí sim penso em comprar eles. URPR11 eu tenho em carteira pensando em trade, tem coisa mais descontada por aí no mercado.
Tem o Clube dos Poupadores, onde aprendi muito de economia e finanças básicas e o Instituto Mises caso queira aprofundar em economia.
Pois é, ainda sou bastante iniciante, mas não gostei do que li sobre HCTR e DEVA, vou manter distância por ora. Também vejo o pessoal criticar algumas gestoras como a XP em todos os segmentos, mas eu até gostei do XPCI, tens alguma opinião sobre eles no que tange à gestora em geral?
ExcluirAtualmente, estudando XPCI, CVBI, VCJR, CPTS e VCRI. Algo negativo a apontar sobre eles que eu deva me atentar?
Os ativos que vc citou são bem tranquilos, só o CPTS11 que tem a desvantagem de ter muito fundo imobiliário na carteira com PM alto
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