quinta-feira, 28 de abril de 2022

Criando prejuízo contábil para diminuição de despesas com I.R.

Introdução

Antes de começar: está é uma estratégia completamente legal, se trata de elisão fiscal, ou seja, utilizar brechas na legislação para pagar menos imposto.

 

De forma bem reduzida: vender parcialmente uma posição que está em prejuízo no final do pregão e recomprar tal posição no início do próximo pregão por valor igual ou similar.


Desenvolvimento

Para quem ainda não “sacou” a ideia da estratégia: a intenção é gerar prejuízo contábil para ser abatido com operações que não entram na isenção de R$20.000,00, como por exemplo, as operações com opções. E futuramente, quando for realizar a venda dos ativos utilizados na estratégia, tirar proveito da isenção.

 

Note que apesar da pessoa ter tido um prejuízo a situação dela não se alterou. Por exemplo, imagine que você tenha 1.000 ações ITSA4 com PM de R$11,00 e atualmente a ação é negociada a R$9,00, você então vende no final do pregão 200 ações por esse valor e no dia seguinte consegue recompra-las pelos mesmos R$9,00. As duas únicas coisas que vão mudar é o seu PM (de R$11,00 para R$10,60) e o prejuízo contábil a descontar (de R$0 para R$400). No dia seguinte esse investidor pode repetir a estratégia, diminuindo ainda mais o seu PM e aumentando o prejuízo a descontar, caso as condições se mantenham (mais a frente vou discutir as condições necessárias).

               

Exemplo real

Em 2019/2020, quando ainda era um pouco imaturo com as estratégias de opções, fiz algumas cagadas e acabei tendo que assumir várias ações de COGN3, que acabei comprando muito antes do fundo do poço. Tais cagadas me geraram um prejuízo não realizado de milhares de reais.

 

Como não curto assumir prejuízos resolvi manter a posição e esperar como a empresa se sai com o fim da pandemia (continuo esperando) e enquanto esse dia não chegava decidi por transformar esse prejuízo não realizado em prejuízo passível de ser descontado em operações com lucro. Para isso realizei os procedimentos descritos acima e os cuidados que irei citar mais adiante.

 

A seguir deixo o print de algumas dessas operações:

Dez/2021:

Jan/2022:


Fev/2022:


Boas práticas:

- Essa estratégia funciona melhor com ativos de baixa volatilidade;

- Não realizar a estratégia em momentos de turbulência do mercado;

- Não fazer com a totalidade da sua posição, principalmente se o ativo for volátil. Geralmente eu faço com 10% a 20% da minha posição no ativo;

- Realizar a venda no final do pregão e fazer a recompra o quanto, mesmo que tenha que comprar por alguns centavos mais caro;

- Não esperar ter feito operações com lucro para “criar” um prejuízo para não ter que pagar I.R. Eu sempre deixo um “estoque” de prejuízo para quando aparecer um lucro não passível de isenção;

- O fato de você ter um “estoque de prejuízo” não interfere na isenção dos R$20.000, pelo menos essa é a interpretação da minha calculadora de I.R.;

- Não esquecer o seu PM original;

- Cuidado para essa estratégia não te fazer estourar os R$20.000 mensais em um mês em que você tem obteve lucros isentos.

 

Defeitos/riscos:

- No momento de fazer a recompra a ação já abrir em forte alta. Nesse caso cabe ao investidor decidir se assume o custo da recompra mais cara ou se tem a paciência de voltar para o seu preço de venda. Uma outra possibilidade é a pessoa utilizar o dinheiro recebido com a venda das ações para fazer uma Venda Coberta de PUT no valor que ele devia ter recomprado o ativo. Além do mais, assim como existe a possibilidade do ativo abrir com um GAP de alta, também existe a possibilidade do ativo abrir com um GAP de baixa;

- Possibilidade da isenção de R$20.000 estar com os dias contados. Entretanto, as mudanças só passariam a valer no ano seguinte, de forma que ainda é possível gerar prejuízo passível de elisão fiscal.

 

Vantagens:

- Fácil execução;

- Boa taxa de acerto (já fiz esse movimento várias vezes e até o momento estou com 100% de acerto e olha que já fiz várias vezes com COGN3, que é bem volátil);

- Excelente forma de diminuir o pagamento de I.R. (faz cerca de 3 anos que não pago DARF nas minhas operações com ações e opções, mesmo fazendo trades com frequência);

- Excelente estratégia para quem opera opções, que não possui isenção nos lucros.


Nenhum comentário:

Postar um comentário